O uso “abusivo, exorbitante e descontrolado” de
agrotóxicos nas lavouras brasileiras mostra a subordinação do país na
nova divisão internacional do trabalho, ficando responsável pela
exportação de produtos primários com pouco valor agregado. Segundo o
pesquisador e especialista em economia agrária José Juliano de Carvalho,
professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de
São Paulo (USP), esse cenário está diretamente relacionado ao modelo
agrícola brasileiro, que se sustenta no latifúndio, na monocultura, na
produção altamente mecanizada e em larga escala.
“Não é uma questão de tecnologia, mas do modelo de
agronegócio colocado como o prioritário no Brasil. Para sustentar essa
lógica, empresas e produtores usam sem controle os agrotóxicos e isso
afeta de forma muito negativa a economia brasileira”, acrescentou
Carvalho, que também é diretor da Associação Brasileira de Reforma
Agrária (Abra).
O professor defende uma regulação mais ampla do
agronegócio no país, a implementação de projetos de reforma agrária e de
zoneamento agroecológico. Ele acredita que o fortalecimento da
AGRICULTURA FAMILIAR pode ser uma alternativa ao modelo atual.
“O problema não é só a química, mas a maneira como ela é
usada. O que vemos no Brasil é o domínio do agronegócio pelas grandes
multinacionais. É preciso haver regulação do agronegócio e
fortalecimento da AGRICULTURA FAMILIAR que acaba inviabilizada não
apenas pelo agrotóxico, mas pelo conjunto do modelo do agronegócio”,
disse. (...)
Fonte: Agência Brasil, 27/04/2012.
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